quarta-feira, janeiro 26, 2005

Musa perdida

Esse é meu primeiro poema.
O escrevi depois de um concurso de poesias no meu terceiro ano. Descobri esse dom de repente, pensava que eu não era bom com palavras. Antigamente eu não escrevia nada, aliás, eu odiava literatura e coisas parecidas com essas, mas de repente veio esse poema, que formei de pouquinho em pouquinho na minha mente. Ia montando a cada palavra, decorando os versos, juntando palavras difíceis (eu tinha o hábito de anotar num papel as palavras difíceis que eu encontrava nas minhas leituras). Achava que poesia era falar difícil, agora vejo que não, deixo ela correr bem livre. já tentei encaixotá-la em versos decassílabos, rimados, desisti. Não sou nenhum Bilac nem Drummond. Elas ficam bonitas assim mesmo: disformes, rebeldes, amadoras... meio feito eu...
Esse poema fala exatamente da falta de inspiração, quando a gente fica na frente do papel empunhando uma caneta querendo escrever algo e não consegue, esperando uma "luz" descer e que não desce, mas quando a gente pensa em desistir, a inspiração vem de novo e nos ilumina...

Musa perdida

Pego um papel
Com sofreguidão o rabisco
Tento achar a inspiração perdida...
Não a encontro,
Não mais a procuro.
Faço um risco e com ele me abstraio
Pergunto a ele o que desejaria ser
Ele me diz o inefável
Signos sem significados
Não sei o que fazer.
Pinto cores mortas
Sinto o cheiro da putrefação
Traços frios, gelados
Mas abrasam, ferve-me a Alma
O mar gelado em mim se incendeia
A Alma já está morta, mas o corpo fica
Ele absorve com avidez meus anelos
A caneta, o meu cautério.
Consternado fico à procura da inspiração
- Cadê ela?
Ela não chega.
Debalde a espero, pois ela não vem
Minha paciência vai-se exaurindo
Pego, rasgo, amasso, boto no lixo o papel
Estupor
Procuro outro papel
A inspiração de mim se comiserou...

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