segunda-feira, novembro 27, 2006

a dois

[poema antigo]

Os olhos enfitam-se concomitantes,
teu olhar de encontro ao meu,
um sorriso escapa do teu rosto
belo como esse dia de sol.
As mãos não param um segundo
derramando-se pelo teu corpo,
calmo, rente, profundo
pela tua macia tez.
Falar baixinho ao ouvido,
sussurrar palavras de amor para ti
e, num movimento de inspiração,
sorver todo ar que te repousa sobre o colo,
sentir o inebriante aroma
que as flores lhe emprestam.
Meus lábios ao encontro dos teus,
doces e acarminados.
Ao delicioso e úmido contacto
as bocas já não falam mais
e os olhos, cerrados,
imaginam a confusão de línguas,
a profusão do idioma do Amor,
linguagem silenciosa e inefável,
a essência da nossa vida.
Nossas línguas não proferem nada,
sinto o teu gosto sinestésico.
As mãos escondem-se nas madeixas
que se derramam por sobre os ombros
como uma substância fluida,
negra como os olhos brilhantes
que luzem da tua face morena.
O tato repousa sobre teu corpo,
seguro o espírito que vapora
suspenso no ar.
O afago tranqüilo, por gravidade desliza
vagueando, sentindo a macia textura,
veludo bronze.
Sobre o teu cálido regaço,
descanso pensamentos,
sonho um pouco
um sonho bom.
Neste momento
parece não mais haver tempo.
Sentir teu coração batendo tranqüilo junto ao meu,
sincrônico, emocionado,
era tudo o que pedi a Deus.

Um comentário:

Unknown disse...

Adoro a palavra "tez", mas nunca consigo usar em uma frase...
Fazer o q, naum tenho talento pra poesia...
Tah lindo seu blog viu?
Bjus