quinta-feira, novembro 27, 2008

O trem

O trem chegou rasgando o breu da noite com sua lança de luz,
bufando vapor, carregando desde longe novidades,
trouxe mudanças para os de coração intrépido,
aqueles que ousam entrar nele.

Ele vem, ninguém sabe quando volta,
o acaso são seus trilhos,
seu destino é incerto.
No entanto é bem melhor que essa mesmice.

A locomotiva parou à espera dos novos passageiros
e tu fitavas aquela passagem de trem,
vacilando entre entrar ou não,
entre um desafio ou a apatia.

Continuaste olhando aquele papel,
mexeste nas malas, sem decisão,
num silêncio ansioso.

Teus olhos admiravam o prateado do trem.
Aquele brilho cintilava em teus olhos,
te convidava à aventura.

Entre tantos pensamentos,
pesava para ti largar o marasmo de uma vida medíocre.
A sorte te faria uma pessoa melhor,
mas já estás acostumada contigo.

Tens um amor confesso pelas coisas que atrasam sua vida,
construíste tua casa entre os perdedores
e pareces desejar permanecer.

Enquanto hesitavas, o tempo acabou,
os passageiros devidamente acomodados,
nas janelas, já despediam-se dos que ficavam.

O trem da sua felicidade foi embora,
você perdeu a chance
e ninguém sabe mais quando volta.

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