terça-feira, fevereiro 15, 2011

Arqui-inimigo

Você afirma que ele jamais conheceu o amor.
Seu rosto de muralha impenetrável,
suas insensibilidades,
por mais que tente, não se extrai sentimentos dele.
Desapegou-se de tudo o que não seja a si mesmo;
paixões, lhe são meros passatempos que se zapeiam feito canais de tevê.

Você afirma que ele jamais conheceu o amor.
Mas ele o viu face a face dentro daquele fogo
com seus terríveis olhos hipnotizadores.

O amor já lhe foi próximo,
perto demais, de raspão;
este descobriu suas fraquezas
e atraiçoadamente rompeu suturas,
meteu-lhe em joguetes
e o despedaçou.
O amor já lhe foi caro, e sim, muito caro lhe custou.

Hoje o amor é seu arqui-inimigo.
Nosso amigo conhece bem os apelos,
o perfume de flores em todos começos de relacionamento;
conhece como ninguém seus ardis
por haver caído em tantas armadilhas.
Conhece todos os discursos de cor.

Por vezes ele tentou perdê-lo da lembrança,
fez as pazes para um novo desengano
e a menor fragilidade lhe era alvo de ataques.

Tantas vezes tentou em meio a insucessos
e insistiu muitas outras até a dormência.
E passado tanto tempo
ele aprendeu a evitar o amor
da mesma forma que uns ignoram um mendigo.

Um comentário:

Unknown disse...

Eis uma lição que nunca aprendi. Nem mil corações partidos poderiam me fazer deixar de desejar que o amor me aconteça de novo.