sábado, janeiro 16, 2016

Sólidos

Num mundo de certezas efêmeras
e verdades de plástico descartável 
em discursos de bexigas de gás,
escrevo convicções nos granitos ancestrais
da minha telúrica natureza,
gravados profundos sem recear perda.

Pessoas hoje são vitrines frágeis.
O vidro preserva suas imagens:
Perto o bastante para parecerem humanas,
Longe o bastante do toque
Que lhes ameace desmontar a imagem simulada.

Pontes, linhas finas entre paredões 
Em contratos intermináveis de parco escambo
Gritam em estéreo no silêncio de entrelinhas.

Tingem de guache o céu
e quando observo aquele céu do século vinte,
vivo, como antes havia sido,
percebo que tudo fora reduzido a ícone.
O céu hoje é da poluição
De tantos argumentos voláteis.

Esse mundo passa,
Essas filosofias se desfazem na brisa mais leve.
Essas mentiras se vão como pó.
E ficamos os sólidos, os perenes,
Os resistentes à erosão,
Os feitos para o sempre.

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