Num mundo de certezas efêmeras
e verdades de plástico descartável
em discursos de bexigas de gás,
escrevo convicções nos granitos ancestrais
da minha telúrica natureza,
gravados profundos sem recear perda.
Pessoas hoje são vitrines frágeis.
O vidro preserva suas imagens:
Perto o bastante para parecerem humanas,
Longe o bastante do toque
Que lhes ameace desmontar a imagem simulada.
Pontes, linhas finas entre paredões
Em contratos intermináveis de parco escambo
Gritam em estéreo no silêncio de entrelinhas.
Tingem de guache o céu
e quando observo aquele céu do século vinte,
vivo, como antes havia sido,
percebo que tudo fora reduzido a ícone.
O céu hoje é da poluição
De tantos argumentos voláteis.
Esse mundo passa,
Essas filosofias se desfazem na brisa mais leve.
Essas mentiras se vão como pó.
E ficamos os sólidos, os perenes,
Os resistentes à erosão,
Os feitos para o sempre.
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