quarta-feira, abril 27, 2005

Os prédios

Mais um poema dos tempos velhos. Os escrevi nos tempos de ócio entre o colégio e a faculdade (acho que foram os tempos que mais compus em minha breve carreira de poeta-menor). Nessa época eu andava muito pelo centro da cidade, fazia coisas, comprava, caminhava, via gente, ia pra igreja, mas acima de tudo eu contemplava, contemplava, contemplava... Meu eu taciturno se deliciava em imagens de olhar pro alto, pros prédios velhos, cobertos de fuligem e tampava o nariz pro cheiro nauseabundo que alguns lugares de Recife.

Os prédios

Aqui no coração da cidade
Caminho perdido pelos nomes e ruas.
Tanta gente me acompanha,
Estou só.
Meu pensamento te procura,
Cadê você?
Quero te ver,
Mas cadê você?

Te sinto viva na minha pele,
Uma ferida que fere
Sem dor.
Viver sem ti não consigo,
Com tua ausência não vivo.
Não sei mais quem sou.

Os veículos caminham desordenadamente,
Carros buzinando,
Coletivos lotados de gente apressada,
O corre-corre nos isola.
Será que só eu esqueci o tempo?
Será que me perdi no tempo?
Sinto-me diferente do mundo ao redor,
Não acredito ser feito da mesma matéria.
Sou sonho? Sou realidade?
Meu universo envolto em pó,
O pó de toda esta cidade.

A sombra dos prédios
Até que combina com meu coração,
Os prédios novos e dos outros séculos
Convivem sincréticos.
As paredes de concreto armado
Armam os meus olhares para o alto
Para algum louco suicida
A fazer o que eu queria.

As pedras civilizadas escondem o horizonte.
Cadê o mar?
O infinito distante faz lembrar você,
Só penso no mar escorrendo pelos nossos pés,
E no oceano imenso podia naufragar lamentos,
Todos meus sentimentos,Todos meus desalentos.

Um comentário:

Anônimo disse...

OI TUDO QUE TU FAZ É LINDO .RS